Lista de Mestres   Biografia do Mestre

Gregory, Bob


Gregory, Bob
As histórias que marcaram a infância daqueles que cresceram lendo as revistas Disney-Abril tiveram, por trás dos desenhistas, roteiristas criativos (todos americanos nascidos na primeira metade do século XX), responsáveis por muitos dos sonhos e objetivos que nortearam as vidas dessas crianças de outrora.
Embora desconhecidos até agora, na verdade foram eles que expandiram a Galeria Disney criando novos personagens, criando personagens parentes dos já existentes e até criando vilões e inimigos inesquecíveis.
Também escreveram roteiros de histórias extremamente criativas, com muita ação, mistérios e comicidades, que marcaram várias gerações de leitores.
Esta introdução acima irá abrir o item de "Características" de todos os escritores e roteiristas das histórias em quadrinhos Disney, doravante aqui apresentados.

Bob Gregory é um deles! Produziu roteiros desenhados até pelo Grande Mestre Carl Barks. Mas não foi importante somente por isso, pois, posteriormente também desenhou seus próprios roteiros.

"Natal Em Patópolis" (Revista Pato Donald, no. 528, de 1961), "O Rock Do Natal" (Revista Tio Patinhas, no. 113, de 1974). Nestes primeiros exemplos, duas histórias roteirizadas por Bob e desenhadas por Barks. Em ambas ele nos brinda com excelentes roteiros de comédias transcorridas na época natalina. São duas histórias marcantes para os antigos fãs Disney, sendo que na segunda ocorreu a apresentação aos leitores do "Clube dos Milionários de Patópolis" - do qual Tio Patinhas faz parte, é claro - e que foi uma criação de Gregory à qual Carl Barks deu continuidade, pois possibilitava várias situações engraçadas.

"Boa Viagem" (Revista Pato Donald, no. 414, de 1959), "O Campeão De Vila Sovina" (Revista Pato Donald, no. 478, de 1961), "O Pato Que Comprou Uma Ponte" (Revista Tio Patinhas, no. 5, de 1965). Nestes três outros exemplos - roteiros de Gregory desenhados por Tony Strobl - novamente nos deparamos com histórias cômicas envolvendo a família Pato. Bob sempre colocava esses personagens em situações inusitadas, enfrentando dificuldades, para depois nos brindar com um final inusitado. No primeiro exemplo, os patos tornam-se clandestinos involuntários, sofrem muito e quando pensam ter escapado... vão parar no Pólo Norte. No segundo exemplo somos apresentados a um parente escocês do Tio Patinhas que é um super atleta e portanto come muito. Por isso o velho pato o "despeja" na casa de Donald, para no fim... ter que ficar com o comilão por um tempo ainda maior. E no terceiro exemplo - um clássico - Tio Patinhas compra uma ponte feita de rara e valiosa madeira, destinada ao fabrico de violinos (uma paródia com os famosos Stradivarius), mas que no fim... acaba sendo utilizada para a produção de palitos de dente super especiais. Esta última história tem uma particularidade em sua versão brasileira que é a música que os patos cantam no final. Diz assim: "Hoje é dia feliz, alegre fico... Não descasco mais grão-de-bico". Essa pequena rima tem feito a alegria do fandom ao longo dos anos.

"Iguais Em Tudo" (Revista Pato Donald, no. 461, de 1960), "Pajeando Pela Televisão" (Revista Pato Donald, no. 465, de 1960), "Venha-Do-Jeito-Que-Está" (Revista Pato Donald, no. 462, de 1960). Aqui apresentamos mais três exemplos, novamente no traço espetacular do Grande Mestre Carl Barks, onde Bob Gregory exercita sua criatividade cômica, numa série de histórias com Margarida e sua turma. Nestes casos ele faz rir ao criar situações do dia-a-dia abordando assuntos típicos das décadas de 1950 e 1960. São histórias que compuseram a série "Diário de Margarida". No primeiro exemplo o caso é um encontro duplo, ou seja, dois casais de namorados saindo para uma noitada. A dificuldade é achar alguém com quem Donald não brigue. No segundo exemplo, Margarida vai pajear Huguinho, Zezinho e Luizinho, enquanto Donald sai para jogar boliche. Uma nova tecnologia é apresentada: o circuito fechado de TV, através do qual ela pode vigiar os patinhos à distância. Porém, no final, tudo falha, é claro... mas acaba bem! No terceiro exemplo conhecemos uma brincadeira social típica daquela época: as festas "Venha-do-jeito-que-está". Consistiam em que os convidados tinham que ir à festa da forma que estivessem vestidos no momento em que recebessem o convite. Donald escolhe a hora da faxina para convidar as pessoas, justamente quando estão mal vestidos... menos a Margarida que estava provando um maravilhoso vestido que havia acabado de receber pelo correio. Pronto... está armada a confusão!

"Dama De Companhia" (Revista Pato Donald, no. 570, de 1962), "A Astropata Margarida" (Revista Pato Donald, no. 568, de 1962). Seguindo a linha das histórias cômicas com Margarida e sua turma, Bob Gregory produziu muitos outros roteiros. Porém, nessa época ele passou a também desenhar e não apenas escrever. Acima podemos ver dois exemplos - ainda da série "Diário de Margarida" - já com o traço do próprio Gregory, onde observamos que ele desenvolveu um estilo bem identificável. No primeiro exemplo temos Margarida na profissão de "dama-de-companhia" que acaba se envolvendo com um criminoso travestido de mulher. No final ela o captura porque consegue correr mais, pois está acostumada a fazê-lo de saltos altos e ele não. No segundo exemplo, Margarida acaba se transformando inadvertidamente em "astropata" (uma brincadeira com os astronautas que eram um assunto em alta, naquela época) na tentativa de chamar a atenção de Donald, o seu namorado relapso.

"O Segredo Do Sucesso" (Revista Zé Carioca, no. 617, de 1963), "Guerra De Cartazes" (Revista Pato Donald, no. 578, de 1962). Nessa fase - que seria a final - da vida de Bob Gregory, na qual ele passou a desenhar seus próprios roteiros, podemos observar algumas peculiaridades: 1 - As histórias continuaram primando pela comicidade e pelos assuntos do dia-a-dia. 2 - Além das histórias com Margarida e seu Diário, aparentemente uma de suas personagens prediletas, ele utilizou preferencialmente os patos. 3 - Nas suas histórias com Donald, ele mostrava o pato exercendo várias profissões em busca do sucesso, algo que Barks já havia feito. Porém, diferente das histórias do Grande Mestre, onde no final Donald sempre fracassava, com Gregory ele triunfa, embora sempre de forma inusitada. Aqui, apresentamos mais dois exemplos no traço do próprio Bob, estreladas por Donald e mostrando a terceira peculiaridade acima descrita. No primeiro exemplo Donald pede conselhos de sucesso ao Tio Patinhas, se precipita nas decisões e quando tudo parece perdido acaba vencendo. No segundo exemplo - uma das histórias mais hilárias de Bob - Donald trabalha com publicidade criando "slogans" divertidíssimos para um tal refrigerante "Coca-Bola" (paródia da Coca-Cola), rival do refrigerante "Guaraná Chapinha". Aqui também Donald vence no final.

Bob Gregory tinha uma enorme criatividade para escrever histórias curtas e engraçadas e embora nunca tenha escrito histórias longas e/ou aventurosas, sua produção de mais de quatro centenas de roteiros, dos quais a maioria ele mesmo desenhou com seu traço bem característico, o tornam um dos Mestres da Era de Ouro dos Quadrinhos Disney.

Texto e Pesquisa: Cesar Brito
Colecionador e Gibólogo

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